Um pedaço de mundo

Cinco dias rodando de Recife a Porto Alegre. 4000 km.

A primeira parte foi num carro só, até Bragança Paulista, no interior de SP, com a Fabi que também estava de mudança. No banco de trás, nos acompanhavam dois companheires peludes, que nunca tinham feito viagem alguma na vida. Dá para dizer que aguentaram firme a monotonia e a prisão do veículo. E ainda garantiram a segurança da noite nos postos de gasolina.

De Bragança, segui sozim por mais 24 horas. Foram três ônibus, duas caronas e uma boa caminhada até alcançar a porta da minha (ex) casa em Poa. Uma aventura cheia de improvisos. Pelo menos, posso dizer que subiu um pouco a adrenalina no meu corpo murcho, depois de tanto tempo sentade, esperando nada acontecer. Cheguei no final da manhã de domingo, acolhide peloas tioas de coração (Olga Pacheco e Santiago Neltair Abreu), com dose dupla de café e pão quentinho.
Dá para dizer que “deu tudo certo”.

Só me resta compartilhar aqui duas coisas me saltaram aos olhos nessa travessia:

1. A extensão e a situação das terras no Brasil. São horizontes desertos a 360° por quilômetros e quilômetros. Terras desmatadas e vazias, onde não se enxerga sequer uma cabeça de gado. No Nordeste, canaviais para enjoar a vista até a beirinha da estrada, jogando nas nuvens a fumaça preta do seu fogo e disseminando no ar aquele cheiro nojento de podridão. Mais caraterístico da região Sudeste, desertos verdes de eucaliptos e pinus, plantados num alinhamento medonho, e à sombra dos quais nada cresce.

2. A enorme discrepância entre o norte e o sul deste país, que se enxerga na própria qualidade das estradas. É inacreditável a falta de investimento para melhorar as BR na Bahia, onde andam diariamente milhares de caminhões em fileira numa faixa só. Assustadora também a quase ausência de sinalização que torna dependentes de GPS xs motoristas não iniciades como nós. No entanto, ao passar, digamos, a metade de Minas Gerais, a realidade muda drasticamente. A pista triplica de tamanho e ganha todas condições de segurança para evitar acidentes e permitir ultrapassagens. Ou seja: nada que não se saiba ou possa fazer por aqui. É (e sempre foi) negligência, mesmo, do governo federal com as regiões menos valorizadas do país.

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